14 fev Como a espessura do endométrio pode afetar a gravidez?
Você sabia que o endométrio tem uma função muito importante para engravidar nos tratamentos de fertilização in vitro?
O endométrio é um tecido que reveste toda a parede interna do útero e responde a estímulos hormonais durante o ciclo menstrual, o que faz com que sua espessura se altere. Ele apresenta três fases:
- 1ª Fase – Proliferativa: no início de um novo ciclo, o endométrio está descamado devido à menstruação anterior. Então, ocorre espessamento do endométrio devido a estímulos do hormônio estrogênio. A quantidade de vasos sanguíneos pequenos também aumenta. Nessa fase o endométrio cresce de 1-3mm para 6-8mm.
- 2ª Fase – Secretora: em consequência de estímulos dos hormônios estrógeno e progesterona, o endométrio continua aumentando e atinge sua espessura máxima. O principal objetivo dessa fase é tornar o endométrio secretor e disponível para receber e nutrir um óvulo fertilizado.
Para que seja possível essa nutrição, o endométrio produz grande quantidade de reservas nutritivas. O primeiro “alimento” que o blastocisto irá receber é chamado de “leite uterino”, composto por muitos carboidratos, que é secretado pelo endométrio. Este pode atingir 10-16mm de espessura - 3ª Fase – Menstruação: se a mulher não estiver grávida, há uma rápida redução nos níveis de estrógeno e progesterona, que resulta na menstruação. Ocorre a descamação do endométrio e contração de pequenos vasos sanguíneos que ficam nessa região. Assim, os restos endometriais acompanhados de sangue são liberados, finalizando o ciclo. Esse período tem duração de 5 a 7 dias e o endométrio é reduzido a 1mm após o término.
Como eu posso saber se a espessura do meu endométrio é adequada? Endométrios muito espessos ou muito finos são sinônimos de alterações desfavoráveis à fertilidade. Mas, primeiro vamos entender o que é um endométrio adequado. Depois, explicaremos as alterações e possíveis tratamentos.
1. ENDOMÉTRIO ADEQUADO
Espessura adequada
Para que se tenha sucesso no processo de implantação do óvulo fecundado no endométrio, é necessário que este tenha uma espessura mínima de 7 mm e máxima entre 12-14 mm durante a ovulação. A espessura do endométrio pode ser medida através do exame de ultrassonografia transvaginal.
Aspecto normal
Na fase proliferativa o endométrio deve ter aspecto trilaminar (composto por três lâminas), proporcionado pelo estímulo de estrogênio. É o aspecto desejado para estimulação ovariana ou para o processo de transferência de embriões.
Na fase secretora, após ovulação ou transferência de embriões, o endométrio fica esbranquiçado (hiperecogênico) devido ao estímulo da progesterona. Durante a menstruação, ele apresenta aspecto linear e fino.
Receptividade Endometrial
Outro fator importante é a receptividade do endométrio ao embrião. Ela é compreendida por um período conhecido como janela de implantação que ocorre entre o 20° e 24° dia de um ciclo de 28 dias, e condições normais de espessura, aspecto e morfologia do endométrio.
Em mulheres que estão realizando procedimento de fertilização e apresentam dificuldade para engravidar, é aconselhável verificar se este parâmetro está adequado através do Teste de Receptividade Endometrial conhecido como ERA (do inglês, Endometrial Receptivity Array). Esse teste analisa 238 genes expressos no endométrio da paciente e compara com a expressão de genes de endométrios de mulheres saudáveis.
2. ENDOMÉTRIO ATRÓFICO OU FINO
Quando o endométrio não atinge a espessura de 6mm, ele é considerado atrófico e não é suficiente para a implantação e nutrição do embrião. Geralmente, tratamentos com progesterona são eficazes para espessamento do endométrio.
Anticoncepcionais Orais e Injetáveis
Muitas mulheres que utilizaram anticoncepcionais orais ou injetáveis por longos períodos apresentam espessura reduzida do endométrio logo após pararem com a contracepção. Como os contraceptivos mantêm uma concentração contínua e baixa de hormônios, os ovários “desacostumam” a gerar estímulos que regulam a espessura do endométrio. Para que este se recupere, há um período mínimo de 3 meses, logo, é necessário parar com os anticoncepcionais 3 meses antes do planejamento para gravidez.
Síndrome de Asherman
A síndrome de Asherman pode ter diversas causas como curetagens, tratamento oncológico, dilatação uterina em abortos espontâneos ou partos, doença inflamatória. É responsável pela degradação do endométrio, o que origina aderências fibrosas e cicatrizes na parede uterina, aumentando as taxas de aborto, já que há dificuldade de sobrevivência do embrião nas paredes uterinas feridas.
Tratamentos
Para espessamento do endométrio podem ser utilizados: vitamina E, L-arginina e citrato de sildenafil, conhecido como Viagra feminino. Outros tratamentos incluem pentoxifilina (Trental), ácido acetilsalicílico (Aspirina) e estradiol (Climaderm).
Se a paciente não responder a esses tratamentos, há uma nova técnica que está sedo utilizada: plasma rico em plaquetas. É uma técnica alternativa com as plaquetas da própria paciente que tem o objetivo de estimular vias celulares que resultam no aumento da espessura endometrial.
Para as mais “naturebas”, o chá de inhame pode ajudar, embora não existam dados científicos que comprovem sua eficácia. Ele possui diosgenina, precursor da progesterona que auxilia no processo ovulatório, além de antioxidantes. Veja também nosso post sobre garrafadas para engravidar
De qualquer forma, sempre é aconselhável procurar um médico que avaliará o caso e prescreverá o medicamento mais indicado.
3. ENDOMÉTRIO ESPESSO
Endométrio espessado ou hiperplasia endometrial é caracterizada por aumento da espessura dessa estrutura ocasionado por exposição excessiva ao estrógeno.
Ele pode ocasionar hemorragia, aumento nos níveis de estrógeno, provoca menstruação irregular e queda nos níveis de progesterona. A hiperplasia endometrial pode aumentar o risco de câncer endometrial.[
Causas do endométrio espesso
- Níveis de progesterona abaixo do normal
- Diabetes
- Terapias com estrogênio
- Obesidade
- Síndrome dos Ovários Policísticos
Sintomas
Dentre os principais sintomas estão: corrimento vaginal, dor no abdômen e na região pélvica, sangramentos anormais (escape), secura vaginal e dores nas relações sexuais.
Principais tipos de hiperplasia endometrial:
- Hiperplasia simples: espessamento do tecido endometrial sem complicações
- Hiperplasia cística: aspecto de queijo-suíço nas paredes internas do útero.
- Hiperplasia focal: surgimento de pólipos endometriais que se projetam para cavidade uterina, estreitando o útero.
- Hiperplasia atípica: é o grau mais elevado e pode estar associada ao câncer endometrial
Tratamento
Geralmente é utilizado medicamento à base de progesterona. Em casos mais graves, é necessário realizar o procedimento de histeroscopia ou curetagem do tecido endometrial.
Pólipos endometriais ou miomas submucosos devem ser retirados através de procedimento cirúrgico já que dificultam a gestação e aumentam o risco de aborto espontâneo.
4. OUTRAS ALTERAÇÕES
Endometriose
Atinge entre 10 a 15% das mulheres em idade reprodutiva no mundo todo e é caracterizada por crescimento do tecido endometrial fora da cavidade uterina (ovários, intestino, peritônio, ureteres).
As causas não são bem esclarecidas na literatura, porém, a teoria mais aceita é a da menstruação retrógrada, com envolvimento de fatores genéticos.
Os sintomas são dor abdominal e pélvica intensa, dor em relações sexuais e ao defecar e infertilidade.
Saiba mais sobre endometriose em nosso outro texto
Endometrite
O endométrio, como qualquer outro tecido do corpo, está susceptível a infecções por vírus e bactérias. A endometrite é a inflamação do endométrio, originada por micro-organismos, principalmente as bactérias causadoras de clamídia, sífilis e gonorreia, que são transmitidos nas relações sexuais e provocam diminuição da fertilidade e inflamação do endométrio.
IMPORTÂNCIA DO ENDOMÉTRIO NA REPRODUÇÃO HUMANA
O endométrio é peça chave para mulheres que desejam engravidar, sendo essencial para a implantação do embrião e nutrição do mesmo antes da formação da placenta. A espessura adequada no período ovulatório é de no mínimo 7mm.
Alterações na espessura, seja aumento ou diminuição desta, dificultam as chances de engravidar e ocasionam sintomas que requerem tratamento. A melhor forma para avaliar se seu endométrio está adequado é através de ultrassonografia transvaginal indicada por um médico especialista e tratamento individualizado prescrito por este.