13 jul Como a nossa rotina estressante pode impactar na fertilização in vitro?
A invenção do anticoncepcional, considerada primeira revolução feminina e a inserção da mulher no mercado de trabalho, considerada segunda revolução feminina foram dois marcos essenciais na história da mulher que possibilitaram a ascensão de grandes líderes femininas no mundo corporativo.
Com o aumento da demanda, essas conquistas vieram acompanhadas de aumento de estresse, ansiedade e depressão, e também de novos hábitos como aumento da ingestão de álcool e café, sedentarismo e alimentação irregular. Além disso, devido ao tempo demandado para construir uma carreira sólida e se capacitar adequadamente para o mercado competitivo, a mulher passou a postergar a maternidade para um momento que se sentisse segura e estável, tanto emocionalmente quanto financeiramente.
Esses fatores contribuem diretamente para infertilidade, condição cada vez mais frequente entre as mulheres. Quando a mulher se sente preparada para ter seu primeiro filho o estresse em sua vida associado à maternidade tardia pode levar ao aumento da infertilidade. Isso gera ainda mais ansiedade e alta expectativa por engravidar. Esse estado pode ser acrescido de quadros de depressão recorrentes, baixa autoestima e angústia constante.
O estresse pode interferir em uma série de fatores essenciais para bons resultados no tratamento de fertilização in vitro como foliculogênese, qualidade dos óvulos, espermatozoides e embriões e implantação dos embriões. Abortos espontâneos e partos prematuros também podem estar relacionados ao estresse.
Essa condição origina um desequilíbrio entre o sistema de radicais livres e antioxidantes, deslocando para aumento dos radicais livres e aumento do hormônio cortisol (conhecido como hormônio do estresse), fatores que influenciam negativamente a fertilidade. Além disso, a maior incidência de radicais livres leva ao recrutamento de células e substâncias químicas inflamatórias que o corpo produz como resposta. Esse ambiente é desfavorável para fertilidade e pode desencadear uma série de outras doenças, abalando ainda mais o estado emocional dos futuros pais.
Um estudo realizado nos Estados Unidos com 401 mulheres por 12 meses encontrou associação entre um marcador de estresse (α-amilase salivar) e tempo para engravidar (1). Nas mulheres com maiores níveis de amilase, houve uma redução de 29% na probabilidade de engravidar, aumentando o tempo para engravidar quando comparadas a mulheres com menores níveis de amilase. Essa redução representa mais do dobro de chances de desenvolver infertilidade.
Pesquisadores ingleses encontraram uma associação significativa entre níveis de cortisol medidos através da análise do cabelo de 135 mulheres em tratamento de fertilização in vitro e o impacto negativo nas taxas de gravidez (2). Além disso, dois outros estudos concluíram que realizar intervenções psicossociais como terapia psicológica e procurar grupos de apoio podem melhorar os resultados da fertilização in vitro (3,4).
Já se sabe que o estresse interfere nos resultados de fertilização in vitro e na fertilidade feminina e masculina, porém, há algumas limitações para realizar estudos científicos nessa área, devido à subjetividade do assunto (escala de estresse, escala de bem-estar).
O que é evidente é que um casal equilibrado, com um estilo de vida saudável e mentalmente estável apresenta maiores chances para engravidar. É possível atingir esse equilíbrio através do aconselhamento de um especialista em reprodução humana, acompanhamento com psicólogos e ao frequentar grupos de apoio constituídos por pessoas que também estão passando pelo mesmo momento. Outra alternativa é manter uma rotina de exercícios para saúde física e mental. Também é aconselhável fazer um diário com as principais dificuldades do momento para exteriorizar os sentimentos e entender melhor a situação que está passando.
Take it easy, nós temos muitas técnicas de reprodução humana inovadoras para realizar o seu sonho e, com a estabilidade emocional, elas se tornam mais eficientes, diminuindo o tempo de tratamento.
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Lynch CD, Sundaram R, Maisog JM, Sweeney AM, Buck Louis GM. Preconception stress increases the risk of infertility: results from a couple-based prospective cohort study–the LIFE study. Hum Reprod. 2014 May.
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Massey AJ, Campbell BK, Raine-Fenning N, Pincott-Allen C, Perry J, Vedhara K. Relationship between hair and salivary cortisol and pregnancy in women undergoing IVF. Psychoneuroendocrinology. 2016 Dec.
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Rooney KL, Domar AD. The impact of stress on fertility treatment. Curr Opin Obstet Gynecol. 2016 Jun
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Rooney KL, Domar AD. The relationship between stress and infertility. Dialogues Clin Neurosci. 2018 Mar