Ovário artificial para pacientes que passam por quimioterapia

Quando uma paciente é submetida à quimioterapia para tratamento de câncer os seus óvulos e folículos ficam vulneráveis ao efeitos do tratamento e podem ser destruídos.

As técnicas de congelamento de óvulos e de tecido ovariano são utilizadas para ajudar as mulheres que descobriram a enfermidade e que desejam engravidar após o tratamento. Com o avanço da medicina, outros estudos vêm sendo feitos para possibilitar a gravidez em casos de doenças que provocam a infertilidade. É o caso do ovário artificial, órgão sintético criado por cientistas, capaz de manter os folículos vivos e protegidos fora do corpo da mulher.

Segundo estudo publicado no jornal Reproductive BioMedicine, que revela detalhes da pesquisa sobre o ovário sintético, o protótipo é feito de proteínas normalmente encontradas em coágulos de sangue.

A equipe responsável pelo estudo afirma que o ovário artificial representa um grande avanço, mas falta aprofundar a pesquisa para saber se o procedimento será completamente bem-sucedido em mulheres.

Para realização do novo tratamento, primeiramente, o cirurgião removeria um dos ovários da paciente que vai passar por quimioterapia e transferiria seus folículos para um ovário artificial. Em seguida, assim que o câncer fosse extinto, as milhares de células que ajudam os folículos a se tornarem óvulos seriam retiradas do outro ovário e colocadas dentro do artificial para estimulação.

Na última fase, o ovário sintético seria transplantado e começaria a funcionar, de acordo com a brasileira Christiani Amorim, da Universidade Católica de Louvain, na Bélgica, que participou da pesquisa.

Durante o estudo, feito em parceria com Fernanda Paulini, Janice Vilela, e Carolina Lucci, da UnB (Universidade de Brasília), foram implantados dois ovários sintéticos em oito ratas. Depois de uma semana da cirurgia, mais de um quinto dos folículos ainda estavam vivos. Segundo Amorim, essa proporção é a mesma conseguida no transplante de tecido ovariano. “Este processo já resultou em mais de 60 bebês desde 2004, então nossos resultados com o ovário artificial são muito encorajadores”.

Técnica poderá ajudar também quem sofre  de menopausa e endometriose

Os benefícios da nova técnica se estendem para outros problemas. Os folículos são um dos responsáveis pela produção de hormônios como o estrógeno, que causam alterações no organismo feminino, por isso os ovários artificiais poderiam ser utilizados para atrasar ou aliviar os sintomas da menopausa.

Na cirurgia para tratar a endometriose também há perda de muitos folículos, então o ovário artificial também poderia ajudar nesses casos.

“O método pode ser usado por mulheres que desejam adiar o plano de ter filhos ou por pacientes que queiram adiar a menopausa”, afirmou Claus Andersen, do hospital universitário de Copenhague, na Dinamarca. “O objetivo principal não é a juventude, mas evitar os problemas de saúde que são normalmente ligados à menopausa, como osteoporose e doenças cardíacas”, reforça Amorim.

A equipe afirma que o progresso do trabalho é fascinante, mas ainda é uma questão em aberto se será completamente bem-sucedido em mulheres, mais pesquisas aprofundadas serão realizadas.

 

Dr. Luiz Fernando Carvalho

 



WhatsApp chat