O aborto de repetição (AR) é uma condição médica que tem um grande viés emocional para o casal. É muito difícil lidar com essa frustração e com todos os cuidados médicos para preservar a saúde da mulher após o abortamento. Muitos casais recorrem à terapia com psicólogos para ajuda-los nesse processo tão difícil. O aborto natural é muito comum, sendo incidente em 15-25% das mulheres que engravidam. Ele é caracterizado como perda do feto antes da 22º semana de gestação ou a perda de um feto que apresenta peso inferior a 500g.
Por outro lado, o aborto de repetição, definido como a perda de um feto por três vezes consecutivas ou mais, é um problema que deve ser investigado profundamente. O aborto de repetição tem uma incidência de 1-5% nas mulheres e pode começar a ser investigado já no segundo abortamento.
Dentre essas, a principal causa é a alteração cromossômica ou mutação genética do embrião. Esse contexto ganhou uma nova perspectiva com o surgimento do diagnóstico genético pré-implantacional (PGD/PGS) realizado com células do embrião no estágio de blastocisto e que permite verificar se há mutações genéticas ou alterações cromossômicas no embrião antes de ele ser transferido para o útero materno.
Em relação às alterações anatômicas, as mais importantes são malformações Müllerianas (septo uterino, útero bicorno ou unicorno), miomas, pólipos, e sinéquias uterinas. O diagnóstico pode ser realizado com ultrassom transvaginal, histeroscopia diagnóstica, exames de ressonância magnética de pelve e ultrassom 3D.
Por outro lado, as causas imunes ainda são controversas. O organismo da mulher pode reconhecer o embrião como um corpo estranho e tentar combate-lo, logo, ele não chegaria a se desenvolver no útero materno, e o abortamento aconteceria nos primeiros dias após a transferência de embrião. Entretanto, a presença aumentada de células do sistema imune chamadas natural killers (NK) no endométrio, diferenças entre o sistema HLA, incompatibilidade dos leucócitos entre o casal e desequilíbrio de células Th1 e Th2 na mulher estão sendo alvos de estudos na tentativa de elucidar o papel do sistema imune nos abortamentos1,2,3.
As doenças diabetes mellitus (tipo II), síndrome dos ovários policísticos, hiperprolactinemia e hipotireoidismo são alterações endócrino-metabólicas que também podem estar relacionadas com o quadro de aborto de repetição e devem ser investigadas.
A idade materna avançada (>40 anos) é um fator de risco para o abortamento já que há aumento das chances de ocorrer um erro na meiose (divisão celular que origina os óvulos) e, portanto, aumenta a possibilidade de ocorrer alguma alteração genética no embrião, a principal causa de abortamento. Por isso, é tão importante realizar o exame de diagnóstico genético pré-implantacional. A idade paterna também pode ser um fator de risco para o AR, embora seja menos importante que a idade materna.
Outro fator de risco importante é o número de abortamentos prévios. A partir do segundo aborto consecutivo, as chances de se ter um novo aborto na próxima gestação são aumentadas. Além disso, a obesidade também pode contribuir para o quadro de aborto, já que o sistema imunológico de mulheres obesas é hiperativo, com mais respostas inflamatórias, o que pode comprometer o desenvolvimento fetal4.
O aborto de repetição merece atenção médica e investigação profunda para esclarecer qual é a causa desse quadro. Além de ser um problema que altera intensamente o estado emocional do casal, o AR pode implicar em procedimentos como curetagem, dores e sangramentos para a mãe, além de quebras de expectativas e negativismo ao descobrir uma nova gravidez. O médico ginecologista e obstetra especialista em reprodução humana indicará qual é a possível causa e qual é a melhor alternativa para trata-la.
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