Os avanços nos tratamentos de reprodução assistida e na descoberta de novos medicamentos utilizados para a estimulação ovariana são notáveis, porém, em alguns casos, como em mulheres más-respondedoras, os medicamentos existentes não são muito eficientes. As mulheres más-respondedoras apresentam uma baixa taxa de resposta aos estímulos ovarianos com medicamentos hormonais, recrutando um número de óvulos menor do que o esperado, o que diminui as chances de sucesso de gravidez, já que nem todos os óvulos terão boa qualidade para serem fertilizados.
O termo “má-respondedora” já recebeu muitas definições, levando a controvérsias na literatura científica. Para minimizar o conflito de definições, a Sociedade Europeia de Reprodução Humana (ESHRE) criou o Critério de Bologna que define como má-respondedora a mulher que atender a pelo menos dois dos critérios:
Contagem de folículos antrais <5-7
Hormônio Anti-Mülleriano: <0.5-1.1 ng/ml
Portanto, a má-resposta pode ser mensurada através de exames para dosagem de FSH e estradiol no início do ciclo menstrual, contagem de folículos antrais através de exame de ultrassom e dosagens dos níveis de hormônio Anti-Mülleriano para verificação da reserva ovariana. Quando uma paciente apresenta os Critérios de Bologna, existem protocolos específicos que podem ser utilizados para melhorar a estimulação ovariana, porém, eles ainda possuem resultados limitados. Desse modo, as más-respondedoras, que representam aproximadamente 9-24% das mulheres que fazem FIV, são um desafio para os especialistas em reprodução humana, especialmente na busca pelo melhor protocolo de estimulação.
Antes de se iniciar um tratamento de FIV, o médico irá solicitar vários exames para compor o check-up da fertilidade. Ao analisar os exames, poderá ter informação prévia sobre os fatores de risco para má-resposta. Os principais fatores de risco são:
Se for constatado que a paciente é uma má-respondedora, existem alguns protocolos de estimulação alternativos que podem ser usados. O mais utilizado é o protocolo curto com uso de antagonista de GnRH e dose máxima de gonadotrofinas de 300 UI/dia. Aumentar ainda mais essa dose não resultará em nenhum benefício à paciente, e, pelo contrário, poderá aumentar o risco de complicações médicas. O protocolo curto é mais indicado para esse tipo de paciente porque irá bloquear os ovários por menos tempo do que o protocolo longo.
Outra opção é realizar a suplementação do protocolo de estimulação com hormônio luteinizante (LH). Esse protocolo de FSH combinado com LH pode ser realizado através da adição de LH recombinante (300 UI de rFSH + 75 UI de LH a partir do sexto dia) ou utilizando drogas como a gonadotrofina menopáusica humana (hMG), que contém tanto FSH quanto LH (300 UI).
Existem protocolos alternativos para más-respondedoras que poderão ser indicados pelo médico especialista em reprodução humana, de acordo com o quadro clínico:
Algumas alternativas complementares também podem ser utilizadas para melhorar o desempenho da resposta à estimulação ovariana. As principais opções são:
A estimulação ovariana em pacientes más-respondedoras, embora apresente muitas alternativas terapêuticas, continua sendo um desafio para os médicos. O especialista em reprodução humana irá escolher o melhor protocolo para cada caso individual, podendo alternar com outros protocolos à medida que ocorrerem insucessos.
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